sábado, 2 de julho de 2011

Insistência Insana


 

Ás vezes penso no modo como nós seres humanos temos formas tão infantis de se encarar, de se ver das maneiras frágeis e insanas que somos, ás vezes penso e trepenso no jeito como resolvemos nossas angústias e medos... No fundo queremos sempre atenção, se eu cortar os pulsos minha mãe vai reparar que não como bem há semanas? se eu dormir o dia todo meu pai vai perceber o quanto  preciso de um colo? Se eu faltar o trabalho, fazer terapia, greve de fome ele vai se apaixonar por mim novamente?Não sei, não dá pra saber, a única coisa que entendo e sinto dentro do que chamo de ‘meu mundinho interior’ que aliás está todo lamaçado,com escórias e cicatrizes por todos os lados é que quando nossa alma ta doente pouco importa se alguém vai ligar ou não, agente segue por um caminho em que a solidão já não dói tanto pra dizer a verdade nem a dor dói tanto porque ela vira um terceiro braço e agente se acostuma. Já não há ligações para esperar, nem pedidos de perdões para aliviar, é a sequidão do não-querer sentir mais nada. Já não há máscaras a serem colocadas, não há motivos para rir e mais uma vez reinventar um personagem para se esquecer do que na verdade se é, se alguém nos amar de verdade, nos amará da forma mais amarga, amará nossa obscuridade, nossa solidão irremediável, nosso afastamento voluntário, nossa alma encardida. Agente ouve que ioga, psicanálise, um novo amor, um porre, uma crise de choro, uma viagem, uma conversa franca com o criador e com o melhor amigo alivia, mas pra quê aliviar, deixa sangrar, deixa o suor do cansaço de ter errado mais uma vez, de ter amado mais uma vez quem não merecia, de ter esperado mais uma vez retribuição do muito que se deu, descer pela testa e parar no coração surrado, manchado, dolorido... Talvez nessa escuridão da ausência de fé e esperança seja mais fácil vislumbrar a luz quando ela chegar, ou talvez não, talvez esse caminho que trilho todos os dias me leve à uma aversão a luz inconsciente. Não há medo, não há promessas, não há fé, não há amor, apenas insistência, a insistência insana em se viver quando não se espera por mais nada, quando tudo caminha pra uma destruição involuntária de tudo que um dia se foi.


Quem me dera ao menos uma vez
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes.

[...]Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.

Índios (Legião Urbana)