quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Errados







Hoje a noite não vou sair e por incrível que pareça depois de um tempo esperando respostas suas pra toda a minha vontade de estar com você, hoje não estou esperando você, hoje não saí porque simplesmente quis estar com alguém que há tanto tempo não cuidava: eu mesma. Pode parecer louco pra você mas a verdade é que eu não quero mais minhas emoções em frangalhos, não quero mais acordar no meio da noite querendo está com alguém que tem milhões de prioridades e eu não estou em nenhuma. Durante um bom tempo estava pensando que você talvez poderia ser a pessoa certa: você todo certinho, cabelo, roupas impecáveis, compromissos agendados, emprego fixo e com um bom futuro pela frente, olhava pra você e nada parecia tá errado, filho querido, amigo disputado, mas hoje tenho raiva de mim por ter acreditado algum dia que existe a "pessoa certa", você nunca foi a pessoa certa pra mim porque isso não existe o que existe são duas pessoas erradas tentando acertar juntos, e de nós dois só quem quis acertar fui eu. No início queria me divertir, mas a verdade é que eu melei nosso trato, porque eu me apaixonei e o pior como toda mulher apaixonada comecei a acreditar que um dia você enxergaria isso, e pensaria com carinho em mim, eu e você, almoço de domingo, passeios de mãos dadas, brigas intermináveis, reconciliações com direito a amor depois. Boba eu sei, e isso pra mim é segredo de morte, você nunca vai saber. Agora simplesmente é hora de cair na real, aprender com tudo isso, e olhe que estou aprendendo, não significa que não sinta uma falta absurda de você porque eu sinto e dói, é engraçado como mesmo não te esperando mais
algumas coisas perderam a graça pra mim, mas isso é questão de tempo um dia isso vai passar, sempre passa, pena pra você, pena porque estando tanto tempo comigo nesses últimos dias pude ver a mulher fantástica que eu sou, teimosa um pouco egoísta mas verdadeira, que seria mais que uma amante seria sua amiga, compraria sua briga, adotaria sua causa. Mas agora já deu, eu fui, desculpa não ter te avisado, mas é que me lembrei que eu precisaria significar um pouco mais pra você merecer uma explicação.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Escombros

Mais uma vez a vida me pede pra ser forte, me obriga a engoli todo esse sentimento surrado pra tentar buscar algo de digno ao final dessa guerra, guerra minha com você, minha com meu amor, minha com minha dor. Mas onde está meu amor próprio quando procuro nosso amor nos escombros, quando tento limpar toda essa ferida, sendo que nem saudável eu estou? Onde está toda aquela segurança de se saber insubstituível? Não era ele que devia ta chorando agora, me procurando, implorando por um nós no futuro? Então porque eu estou aqui com o celular na mão mandando a milésima mensagem, justificando o não recebimento das respostas pra mim mesma. Mas sempre foi assim, nunca soube lhe dar com rejeição. Rejeição pra mim sempre foi como asma, tira o ar, sufoca, comprime o estômago, e mesmo sabendo que não há mais o que tirar de nossa veia aorta, nosso sangue parou de bombear, foi morte na certa, ainda preciso ouvir você dizer que me quer, nem que seja pra mentir, inventar um mundo em que nosso afastamento não foi por falta de amor, por sua falta de amor. Deixa eu ficar quieta e buscar em mim essa força que me falta, porque ainda quero ser lembrada como a mulher fantástica que você conheceu, não como essa louca neorótica que te liga tarde da noite pra perguntar pela milésima vez porque que acabou. Porque a gente faz isso? Não seria mais simples entender que acabou, fechar a porta e ir embora, tirar um dia pra beber até cair, dormir no colo de um amigo exausta de tanto chorar, ouvir todas as músicas depressivas até toda essa dor virar pó? Tudo isso em silêncio pra que ele nem imagine. Porque a gente tem que gritar esse amor, se nem ele quer ouvir, porque a gente se vitimiza tanto e torna algo que um dia foi tão bonito em algo medíocre. Aquele sentimento que pra ele era tão bonito e atrativo, hoje apenas causa recusa, asco porque pra ele o amor acabou, pra mim ele ta vivo, agarrado aos escombros, implorando resgate, surrado, feio sem nenhum atrativo a mais que seja o suficiente pra trazê-lo de volta.


Eu queria manter
Cada corte em carne viva
A minha dor
Em eterna exposição
E sair nos jornais
E na televisão
Só prá te enlouquecer
Até você me pedir perdão...
50 Receitas (Leoni)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Intensidades





Eu amadureci, eu sei disso, mas ainda não aprendi a controlar minha dor, ainda não consigo lhe dar com despedidas, e sinto demais, sofro sempre mais do que o permitido e vivo passando do limite do saudável. Ontem me vi assim, como uma criança no primeiro dia de aula, fechando um ciclo, um ciclo feliz, mas um ciclo que precisava ser fechado, pois sempre há mais o que ver e ninguém merece ter a visão limitada pra tudo que se ainda há pra viver. Hoje acordei querendo fugir de tudo, querendo esquecer o tanto que errei e o tanto que erraram comigo, querendo dormir e só acordar quando puder enfim respirar aliviada. Hoje queria uma máscara temporária, que me fizesse passar desapercebida, não exijo novos lugares, novas pessoas, novas histórias, eu só queria não ser lembrada por um tempo. Eu só queria me convencer de que essa sensação vai passar porque agora está tudo doendo tanto que parece que eu já nasci com essa dor. Queria sumir um pouco, de tudo, sentir essa dor até ela parar de fazer sentido, chorar até eu decidir que já deu, gritar até essa mágoa sumir. Queria me esconder, me esconder até poder olhar pra todo mundo sem me sentir vigiada, até reconhecer familiaridade em todos que me rodeiam, já que hoje ninguém parece entender nem aliviar o que tá me matando. De tudo que mais queria hoje, eu desejaria aprender simplesmente a me perdoar, a admirar a minha entrega, a sentir orgulho de tudo que sou e me faz ser essa intensidade em pessoa. Das coisas que mais me atormentam, a pior é saber que não há nem nunca houve alguém em que eu pudesse ver um pouco de mim e não me sentir só nesse mundo que ninguém parece sentir.

Uma rua atravessada em meu caminho
Nos meus olhos
Mil faróis
Preciso aprender a andar sozinho
Pra ouvir minha própria voz
Quem sabe assim
Eu paro pra pensar em mim?
Quem sabe assim
Eu paro pra pensar em mim?

Eu não paro (Ana Carolina)

sábado, 27 de outubro de 2012

Defesa




 Sim, eu escutei tudo que você falou, eu ouvi e entendi, mas mesmo sabendo dos seus motivos, nada mudou, eu ainda me sinto presa, ainda há um elo invisível me segurando a sua vida. Esse sufoco não passa, porque mais uma vez engoli tudo, as palavras desceram como farpas e ainda sinto um desconforto no estômago e um aperto na alma, coisa de quem cala demais, sofre demais e encara de menos. E você ta aí, vida caminhando, é eu soube... trabalho novo, e quem sabe amor novo, Amor? Acho que não, só se aprendeu a amar porque até onde eu sei você nunca soube. E eu caminho também talvez não tão bem por ter que conviver diariamente com seu fantasma, por vezes o ouço, por vezes o sinto e sua presença continua sendo mais real do que a de muita gente que comigo divide meu tempo. Sabe o que me dói? é que você talvez nunca vai saber, talvez nunca vai se arrepender, queria que você assistisse meu desespero por tantas vezes maquiado por trás de um ‘to bem’, queria que alguém lhe dissesse como estou ‘vai lá cara! Ela não tá bem, o que você fez?’, queria que você ouvisse meus gritos e sentisse comigo essa dor que me impede de seguir minha vida como você tão bem fez. Alguém tem um advogado que me defenda de mim? Do meu amor? Deponha a meu favor, diga que eu não mereci, diga o quanto fui leal a nós e peça pra esse juiz desavisado que é meu coração pra me libertar, me soltar de vez porque to cansada, essa prisão tá fria e as visitas estão cada vez mais raras. Você talvez nunca saiba, mas eu vou saber, meu silêncio vai saber, meu coração vai saber, que ás vezes a gente ama tanto sem saber que quem ama demais assina atestado de culpa, se condena, se entrega a prisões muitas vezes sem volta.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Carta à um Amigo



Desculpe a ausência amigo, mas ainda não estou bem, mas olha eu tentei, no sábado saí com um pessoal e vi alguns amigos, mas ainda estou dormindo muito, aliás é só o que faço: dormir... Não, eu nunca mais ouvi falar dele e eu cumpri o que ti prometi não liguei mais, mas ainda choro, ainda dói e quando tento esquecer, esparecer a cabeça como você me pediu vem alguma coisa, algum cheiro ou música e ...ele volta a invadir tudo em mim. Um dia acordei bem e aceitei o convite de uma amiga e fui ao cinema, enquanto ela não vinha entrei nas Americanas, fui a sessão de cds e comecei a ver se algum me interessava (é ainda não perdi aquela mania de comprar cds embora você viva me dizendo que é mais fácil baixar pela Internet) e vi a coleção de cds de uma banda que ele adorava e por incrível que pareça nunca tinha visto em loja alguma e chorei lá mesmo em frente aos cds e na frente de todo mundo, quis comprar, mandar anonimamente pelos correios, mas não fiz... é consegui amigo, até hoje oscilo se tomei ou não a decisão certa, afinal ele amava essa banda. Ainda continuo não vendo graça em mais ninguém, não falo mais tanto dele mas isso não significa que não conte as nossas histórias pra mim todos os dias, acho que é uma maneira de não apagá-lo de minha memória. Meus amigos me enchem dizendo que eu preciso conhecer alguém e que é impossível acontecer isso se eu vivo trancada no meu quarto, mas eles não entendem que eu não quero, eu não quero ocupar ninguém com o lugar que é dele, eu não quero parar de me iludir pensando que ele vai voltar... é raro mas eu consigo nos imaginar novamente juntos, e isso me tranquiliza e mais uma semana se passa. Eu sei que eu devia esquecer, sentir prazer nas coisas bobas de antes, eu sei mas não posso, por enquanto a ferida ainda está aberta, as lembranças ainda estão latentes e o perfume ainda ecoa no meu quarto e nas minhas roupas ele ainda está impregnado. Amigo, hoje é só mais um dia, ainda não chorei, acordei bem, rindo e lembrando do dia que ele me disse que nossa história vinha de outras vidas e mesmo não acreditando em reencarnação, olhei pra ele e tive a certeza que nosso amor ainda precisaria de várias vidas, pra quem sabe em uma delas dar certo.

Ainda tem o seu perfume pela casa
       Ainda têm você na sala
          Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite Veloz
  Vambora (Adriana Calcanhoto) 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Convivência


Talvez a mais triste convivência que temos é com quem já não está mais presente, é a dolorosa convivência com o perfume que fica intríseco na memória, com um jeito de falar que se repete em outros lábios, com o som da gargalhada que insiste em soar em meio ao silêncio. É a dor oculta da manhã sem o bom dia, do sábado sem o cinema, dos dias tristes sem consolo. É o costume que não se tem, de passar por uma determinada rua e não lembrar, de olhar um andar parecido e não recordar, de ouvir uma determinada música e não chorar.
É parecer que todas as histórias mereciam ser compartilhadas com quem já se foi, é se sentir em dívida com o amor por não tê-lo entregue ao todo, é se ouvir falar dele pra si mesmo quando mais ninguém parece querer ouvir.
A convivência que se aprende a aceitar, que dilacera as certezas de tantos que repetiam exaustivamente que um dia tudo iria passar. É a dor cotidiana de não se ter mais alternativas, de não ter mais sono que alivie ou apague, de ver que as lembranças não estão passando com o tempo e sim cada dia mais vivas.
É quando tudo que se vive parece um déjà vu de um tempo que mais parece uma outra vida. É viver esperando uma resposta pra uma pergunta que já foi esquecida. É ter a verdade escondida dentro de si sem ter como mudá-la. É sentir-se enganada por si mesma de um dia ter pensado que fosse pra sempre. É querer se encostar em um ombro que já não te acolhe. É não ter mais forças pra arrumar uma cama vazia. É parecer anti social por querer estar só quando a dor apertar. É ter que conviver com o medo de não mais esquecer.


Batidas na porta da frente é o tempo
Eu bebo um pouquinho pra ter argumento
Mas fico sem jeito, calado, ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar e eu não sei
Nana Caymmi (Resposta ao Tempo)

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Único

  

  Estava sentindo falta de mim, minha respiração era ofegante e meu coração tava cansado, dolorido, ferido. Havia sonhos abortados no meio da sala e dos escritos, havia sufoco em minha voz e minhas lágrimas calavam os gritos. Ninguém podia ouvir, minha dor  não falava mais, escorria, escorria pelos olhos cansados. Ninguém podia ver, ninguém queria ver, tristeza, solidão, recusa são insuportáveis pra quem quer que seja e meu coração sangrando não atraía ninguém, ele inegavelmente afastava.
  Tinha medo, um medo inevitável de sumir no meio de tanta fuga, medo de perder as pernas na ânsia de ir pra frente que só me deixava olhando pra trás caído em meio a tudo que deixei, medo de não me querer vivo...
  Meus ombros pesavam, carregavam uma mágoa de não ter falado quando devia, de ter me achado merecedor de tantas afrontas e me permitido receber tapas e empurrões da vida sem nenhum sinal de defesa.
  Não havia mais descanso, não havia mais sono que aliviasse, não havia mais espera, amigos, cartas, livros, risos, fé... Havia desespero, preces abafadas pelos choros, incompreensão e um silêncio esmagador. Havia alguém que acordava comigo todos os dias e adormecia todas as noites do meu lado, alguém que me lembrava dos meus erros, que tapava minha voz, que calava meu riso. Alguém que não me permitia ao menos me perdoar.
  Então você veio, você me olhou com teus olhos serenos e humildes, riu e me fez ver que você na verdade foi o único que não foi embora. Você na verdade foi o único que quis ficar. Você foi o único que me ouviu quando minhas histórias já havia virado landainha para todos os amigos, você foi o único que entendeu meu silêncio quando minhas lágrimas me impediam de falar, você foi o único que acreditou em mim quando ninguém via razão para acreditar.


                                                                                                                                               Há um lugar onde os sonhos não se abortam
                                                                                                                                               Há um lugar onde o temor não me enrijece
                                                                                                                                               Há um lugar que quando se perde é que se ganha
                                                                                                                                               Esse lugar é no Senhor.
                                                                                                                                               Há um lugar (Heloísa Rosa)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Encruzilhada


 E eu fico assim olhando seu carro virar a esquina levando dentro dele meus sonhos deletados da memória, minhas esperanças de formar uma família embaçada naquele vidro junto com nosso suor, suor de quem ama demais, suporta demais, deseja demais... ama tanto que esse amor já não cabe entre nós, na vida que você escolheu ele é um intruso, na vida que queria ele é utopia...
 Você vem e vai embora e não diz quando vai me devolver de mim, você me leva invisível naquele banco, leva meus risos tão raros, leva minha mania de inventar histórias pra te fazer gargalhar, leva minha vontade de viver numa casinha simples, com um emprego simples, sem muito luxo...só com você.
 Não te conto mas meus olhos dizem que ando dormindo muito, vivendo pouco e trocando companhias por livros e músicas acompanhados de choros constantes... Você me lê, eu sinto isso e deixo tua presença calar meu choro... Deixo tua presença inundar minhas lembranças pra sozinha recordar e esquecer que o último encontro um dia pode virá despedida...
 Um dia quando de você só restar lembrança ainda assim vai doer, vai doer porque amores bonitos e impossíveis tem que doer... eles sangram, sangram e estancam para novamente voltar a sangrar... E o meu amor hoje tão bem guardado vai esborrar no teu aniversário não comemorado, no reveillon sem teu abraço, no natal sem nossa ceia tão esperada... Você será pra sempre meu desejo de eternidade.


E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais
E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida
Quem de nós dois (Ana Carolina)