segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Encruzilhada


 E eu fico assim olhando seu carro virar a esquina levando dentro dele meus sonhos deletados da memória, minhas esperanças de formar uma família embaçada naquele vidro junto com nosso suor, suor de quem ama demais, suporta demais, deseja demais... ama tanto que esse amor já não cabe entre nós, na vida que você escolheu ele é um intruso, na vida que queria ele é utopia...
 Você vem e vai embora e não diz quando vai me devolver de mim, você me leva invisível naquele banco, leva meus risos tão raros, leva minha mania de inventar histórias pra te fazer gargalhar, leva minha vontade de viver numa casinha simples, com um emprego simples, sem muito luxo...só com você.
 Não te conto mas meus olhos dizem que ando dormindo muito, vivendo pouco e trocando companhias por livros e músicas acompanhados de choros constantes... Você me lê, eu sinto isso e deixo tua presença calar meu choro... Deixo tua presença inundar minhas lembranças pra sozinha recordar e esquecer que o último encontro um dia pode virá despedida...
 Um dia quando de você só restar lembrança ainda assim vai doer, vai doer porque amores bonitos e impossíveis tem que doer... eles sangram, sangram e estancam para novamente voltar a sangrar... E o meu amor hoje tão bem guardado vai esborrar no teu aniversário não comemorado, no reveillon sem teu abraço, no natal sem nossa ceia tão esperada... Você será pra sempre meu desejo de eternidade.


E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais
E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida
Quem de nós dois (Ana Carolina)