sexta-feira, 25 de maio de 2012

Carta à um Amigo



Desculpe a ausência amigo, mas ainda não estou bem, mas olha eu tentei, no sábado saí com um pessoal e vi alguns amigos, mas ainda estou dormindo muito, aliás é só o que faço: dormir... Não, eu nunca mais ouvi falar dele e eu cumpri o que ti prometi não liguei mais, mas ainda choro, ainda dói e quando tento esquecer, esparecer a cabeça como você me pediu vem alguma coisa, algum cheiro ou música e ...ele volta a invadir tudo em mim. Um dia acordei bem e aceitei o convite de uma amiga e fui ao cinema, enquanto ela não vinha entrei nas Americanas, fui a sessão de cds e comecei a ver se algum me interessava (é ainda não perdi aquela mania de comprar cds embora você viva me dizendo que é mais fácil baixar pela Internet) e vi a coleção de cds de uma banda que ele adorava e por incrível que pareça nunca tinha visto em loja alguma e chorei lá mesmo em frente aos cds e na frente de todo mundo, quis comprar, mandar anonimamente pelos correios, mas não fiz... é consegui amigo, até hoje oscilo se tomei ou não a decisão certa, afinal ele amava essa banda. Ainda continuo não vendo graça em mais ninguém, não falo mais tanto dele mas isso não significa que não conte as nossas histórias pra mim todos os dias, acho que é uma maneira de não apagá-lo de minha memória. Meus amigos me enchem dizendo que eu preciso conhecer alguém e que é impossível acontecer isso se eu vivo trancada no meu quarto, mas eles não entendem que eu não quero, eu não quero ocupar ninguém com o lugar que é dele, eu não quero parar de me iludir pensando que ele vai voltar... é raro mas eu consigo nos imaginar novamente juntos, e isso me tranquiliza e mais uma semana se passa. Eu sei que eu devia esquecer, sentir prazer nas coisas bobas de antes, eu sei mas não posso, por enquanto a ferida ainda está aberta, as lembranças ainda estão latentes e o perfume ainda ecoa no meu quarto e nas minhas roupas ele ainda está impregnado. Amigo, hoje é só mais um dia, ainda não chorei, acordei bem, rindo e lembrando do dia que ele me disse que nossa história vinha de outras vidas e mesmo não acreditando em reencarnação, olhei pra ele e tive a certeza que nosso amor ainda precisaria de várias vidas, pra quem sabe em uma delas dar certo.

Ainda tem o seu perfume pela casa
       Ainda têm você na sala
          Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite Veloz
  Vambora (Adriana Calcanhoto)